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BIO


1973. No Hall Coelho espera o seu segundo filho. No quarto Lúcilia contorce-se com dores. Parto difícil. O miúdo sai mas inanimado. Apreensão. Finalmente um berro. Chamam-lhe Jorge como a tantos outros. O puto é loirinho. Até aos 4 anos é confundido com uma menina. Entra na escola a medo. Lucília é chamada á escola e fica a saber que ele é o único na primária da Venteira que pinta os peixes em várias direcções.

Convive com a doença da avó. Uma vida sem ver o médico e agora o Cancro põe-lhe palavras desconexas na boca. Aos 11 anos Lucília, destroçada, pede-lhe que avise os amigos do funeral da avó. A vida no Bairro Janeiro tal como no “Padrinho” divide-se entre crime e alegria. Felizmente só disfruta da última.

Conhece o “bicho mulher” cedo. Aqui vive-se a rua. Faz amigos mas poucos para a vida. Com 12 anos descobre o mar. Primeiros “carreiros” com o skimboard do Hugo. Nesse verão trabalha numa obra do pai a acartar entulho e compra a sua 1ª prancha de Bodyboard. A ansiedade neste dia empurra-o do comboio em andamento quando vê Necas a acenar com os bilhetes á porta da estação. Dirije-se á loja com as pernas ensaguentadas e calças rasgadas. Aos 16 anos resolve estudar á noite.

Quer dinheiro para os primeiros “copos”. 1º emprego. Trabalha como Desenhador montador numa Gráfica, aqueles fulanos que raspavam e retocavam fotolitos para impressão. Dura pouco. O suposto curso organizado pela empresa é um embuste. Afinal só queriam que o “Cavaco” lhes desse dinheiro. Um “mãos largas” por sinal. Primeiras namoradas mais a sério.

Trabalha de manhã na Surfshop do Calecas. A “Secret”. Desenha o Logotipo… a lápis de cor. As tardes são passadas na praia. Normalmente dos “Coxos”. A noite é desenhada na escola com a professora Nazaré com “muito jeito” mas pouca vontade. A média para a Universidade é baixa mas a prova feita na Faculdade de Belas Artes de Lisboa deixa-o sonhar ainda não sabe bem com o quê. Não entra em Lisboa por décimas.

Resolve trabalhar porque não conhece outras escolas. Ou não quer. 1 ano a aprender com o pai que ser patrão não é coisa fácil por aqui. Empregado idem. Acarta cozinhas para baixo e para cima. Houve queixas. Afinal é filho do patrão. Enfia-se na Toyota Hiace com o Cláudio que lhes serve de casa durante um mês pelas costas do norte de Espanha. Em 1995 descobre finalmente as Caldas da Rainha e a E.S.A.D. Conhece a “Loira”, mulher da sua vida. Desenha-a. Ama-a. Vive com ela os melhores 5 anos da sua vida. Descobre a Arte no seu explendor. É o sonho revelado. Vive as 24 horas do dia entre a Arte e o Amor.

Em 1996 no espaço de 3 meses ganha 3 prémios de Artes Plásticas. Afinal nem tudo é Lobbie. Põem-lhe o rótulo de papa-prémios depois de ganhar o quarto mas não último. Ao contrário do que acreditava resolve aprender a trabalhar com um computador por conta própria. Termina o curso em 2000. Com a sua mãe doente num Lar luta entre o sonho de trabalhar em Design e a realidade de uma empresa na falência que alimenta a família. Não desiste do sonho. Entre discussões com o pai e contas de cabeça envia propostas para empresas de Design. Não consegue emprego mas consegue um trabalho como Ilustrador e ainda lhe compram uma pintura. Continua a tentar.

Como não pode estar sem trabalhar, responde a anúncio para estagiário de pré-impressão. Dura dois dias, pois um amigo tem um amigo que precisa de um Designer, coisa que ainda não é. Na entrevista descobre que andou nos copos com o futuro patrão. Fica 5 anos na Wise Target onde aprende as manhas do mercado. Especializa-se na Indústria Farmacêutica e apesar de esteticamente pouco interessante reúne um portefolio tecnicamente considerável. Uma amiga fala-lhe da nova empresa onde entrou como Account, mas com falta de um Director ciativo. Resolve tentar. Chega depois de umas dezenas de entrevistas e convence pela diversidade e abrangência. Pelo menos é o que pensa.

Sai da Wise numa sexta e entra na Inovadesign numa segunda. A vontade de mudar é enorme e turva-lhe as ideias. O cansaço é grande. Ao fim de 15 dias “foge” para a Indonésia com o acordo da mulher, mas não sem antes arranjar um substituto. Pedro Anjos, ex-Zook Lisboa. Regressa a Portugal com uma mão á frente e outra atrás. Procura trabalho como Freelancer. A Inovadesign, ou melhor, o Nuno Mendes convida-o a voltar. Tentam o part-time. Não resulta tal como previra. O seu Director faz-lhe uma nova proposta, desta vez irrecusável. Direcção criativa de Segunda a Quinta.

Comments for this entry

SLJ

Balin, descobri aqui o teu spot que pouco tem de secret por mero acaso!! Belos trabalhos que tens por cá, Parabéns!! Esta bio está igualmente deliciosa hehehe.
Acompanha alguns trabalhos meus em www.ngoncalves.com ou http://surfingmadeira.blogspot.com/.

Abraço!
Nuno

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